sexta-feira, 17 de maio de 2013

Porque mais importante que vocês todos, é cada um de vocês...

Acho que hoje percebi um bocadinho mais as saudades. As minhas. Dei por mim a pensar que as sinto de outra forma, já não é aquela ansiedade do início, aquela vontade de ir a correr para voltar aos mesmos sítios, às mesmas rotinas, às mesmas pessoas. Deixei de ter saudades de todos para passar a ter saudades de cada um. Não sei se faz parte do processo e não sei se acontece a toda a gente da mesma forma. Já não perco tempo a pensar que gostava de estar neste o naquele sítio com estas ou aquelas pessoas. O que me faz falta agora é mesmo a individualidade daqueles que deixei para trás...e é inevitável tentarmos encontrá-lo nas novas pessoas que nos vão rodeando...mas mesmo que o encontremos vão sempre soar como imitações porque não há aqui quem fale Xanês, não há ninguém com os mesmo dilemas morais do JT, ninguém com o humor inteligente do Neiva, ninguém que refile tanto por tão pouco como a Roti, ninguém tem a energia interminável da Claudia (e um telemóvel que toque tanto também não...), ninguém com o poder de me tirar do sério da minha Costa...vocês fazem-me falta, um a um. E o que é mais chato é que a soma das partes supera o todo e há dias em que custa saber-vos longe e que mesmo que vos oiça de tempo a tempo era o vosso abraço que fazia a diferença em dias um bocadinho mais cizentos. E é mesmo assim que uma pessoa vai vivendo as saudades, com os vossos telefonemas assíduos, os mimos que me vão enviando e, acima de tudo, lembrarem-me que também se vão lembrando de mim.
Com a distância não muda tudo, mas muda muita coisa...durante este percurso a que me propus sei que vou ganhar muita coisa nova, reforçar muito do que já tinha, mas também sei que se vão perdendo algumas pessoas que eram importantes para nós...por desleixo, às vezes por falta de tacto e às vezes só mesmo por falta de compreensão de que quem está deste lado dá muito mais valor a uma palavra.
Com isto sei que nunca vou voltar ao mesmo lugar, nunca vou voltar às mesmas pessoas, as coisas mudam, , nós mudamos e os outros mudam...nem que seja aos nossos olhos...



(...)
Nunca voltarei, 
Nunca voltarei porque nunca se volta. 
O lugar a que se volta é sempre outro, 
A gare a que se volta é outra. 
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia(...).


Álvaro de Campos


* E depois há a familia e as minhas Pales por quem as saudades são irracionais porque em nenhum momento eles me faltaram e, ainda assim, me fazem tanta falta...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Casa nova, caminho novo...

Querem vir comigo da Universidade para casa? Este caminho é ainda mais feio e as casas ainda mais pobrezinhas... :-)
Tem estado um nevoeiro tão cerrado que espero, a qualquer momento, encontrar o D. Sebastião :-)


http://www.youtube.com/watch?v=sRV1Sp5f-Vg  [Não consigo por a porra do vídeo aqui]


* Depois de ver o vídeo percebi que o "tu não andas tu deslizas" do Boss AC não se aplica a mim...

terça-feira, 9 de abril de 2013

A "ténovela" da URI

Para os menos atentos, na 5ª feira passada foi-me possível "checkar" um item na minha lista do "Living the American Dream". Ainda que tenha tido a sorte de nesse dia ter decidido ir para a outra Universidade, a Universidade com a qual tenho vínculo e na qual trabalho a maioria das vezes teve um daqueles tão típicos episódios de "gunman spotted" com direito a gente trancada nas salas de aula, Universidade evacuada e polícia (mais que as mães, dizem) a invadir o edifício onde estava supostamente o tal "gunman". Liguei aos meus coleguinhas para saber se estavam bem e eles estavam felizes da vida no lab a dizer que se sentiam muito seguros porque para entrar no nosso laboratório é preciso um cartão...claro que se houvesse alguém com ganas de andar ao tiro e matar uns quantos era mesmo uma portinha (envidraçada) que o ia parar...mas fiquei contente pela descontração deles. Entretanto a coisa passou. Não encontraram nada e o edifício foi aberto para o pessoal sair. No dia a seguir deram o dia aos alunos para ficarem em casa a recuperar do trauma (nunca vi adolescência tão mimada em toda a minha vida).
Entretanto, as teorias da conspiração começaram. Toda a gente desconfia de toda a gente e, sem exagero, passear naquele Campus é ser alvo de olhares de desconfiança.
Hoje, saiu um novo alerta. Aparentemente, na 6ª feira à noite a seguir ao sucedido, um rapazinho que estava na biblioteca demonstrou um comportamento muito estranho...disseram as testemunhas (que chamaram a polícia) que o rapaz estava a um canto da biblioteca a rir alto e sozinho e, quando lhe perguntaram o porquê de tanta excitação, ele respondeu qualquer coisa do género: "muahahaha, na próxima semana vão descobrir!!".

Ora bem, esta pessoa (na foto em baixo) está agora a ser procurada por todo o Campus. Eu tenho cá para mim que um jovem estar enfiado numa biblioteca numa 6ªfeira à noite também é coisa suspeita, mas daí a lançarem um alerta geral...Por favor avisem o Mr. Crock para não vir para estas lados nos próximos tempos...

Eu geralmente ando pelo Campus de head-phones e às vezes esqueço-me e canto um bocadinho alto. Por isso, deixo já o aviso que é possível que vejam a minha foto por aí um dia destes...é que ainda por cima eu desafino e a coisa pode tornar-se desagradável...

Aqui fica a foto e a descrição do maluquinho...ups, suspeito...


URI Campus Police are again asking for your assistance identifying a young man who was reportedly in some distress in the library Friday evening. We have posted new, clearer photographs of the individual on our Alert Page. He is described as a white male with a buzz haircut, clean-shaven, about 6' tall and 220 lbs. with a muscular build. He has a receding hairline and appears to be between 27-33 years of age. If you think you know the identity of this person, please call the URI Police at 874-2121. 
    

terça-feira, 2 de abril de 2013

Em jeito de balanço...

Para além de todas as outras, tenho uma estranha mania de fazer balanços na minha vida. Agarrar naquilo que fiz e fazer a ponderação entre aquilo que queria ter feito. Pesar as experiências, aprender com as más, aproveitar as boas, mudar de sítio aquilo que não está bem onde eu queria que estivesse, limpar o pó ao que  quero manter no sítio e deitar fora algumas coisas que já não vale a pena manter. É um bocado como as limpezas de Primavera em que se vira o colchão ao contrário e a roupa de Inverno vai para o baú de onde saem agora as de Verão. 
Não faço resoluções de ano novo e geralmente não faço dessa passagem um marco para arrumar a cabeça, mas esta é melhor altura porque passaram-se 6 meses desde que acabei o PhD, 6 meses que estou a viver nos EUA e 6 meses desde que comecei um novo trabalho como postdoc. É meio ano, meio ciclo, tempo de fazer balanços, pesar o bom, o mau e perceber se vale a pena continuar o caminho por aqui ou se é melhor mudar o precurso.

Nestes 6 meses aprendi mais que num par de anos em Portugal. Não foi só profissionalmente que cresci, mas também enquanto pessoa e, principalmente, na forma como vejo os outros e a mim mesma. Sairmos da nossa zona de conforto, deixarmos para trás aqueles que sabemos que estão sempre por baixo da corda-bamba a segurar a rede que nos ampara e passarmos a contar essencialmente connosco próprios, ao início assusta. Avançamos devarinho porque ainda nos estamos a habituar a termos que nos equilibrar sozinhos, mas depois de percebermos que somos capazes a sensação de segurança em nós próprios acaba por nos permitir ir por caminhos que há uns meses nem sonhávamos ser capaz de percorrer.

Nestes 6 meses conheci pessoas novas, diferentes, sítios novos, estilos de vida que só achavamos existir na televisão. Dei passos maiores que as pernas, caí e levantei-me. Senti, pela primeira vez, a nível profissional, que faço falta, que o meu trabalho não só é valorizado como essencial. Propuseram-me novos desafios, aceitei, tive medo...ainda tenho medo...fizeram-me sentir valorizada, deram-me parabéns, votos de confiança. 
Já tive vontade de fugir daqui, já tive dias muito maus...já tive dias em que me bastou haver sol para ser mais feliz. Já tive dias em que senti que o chão me fugia e pensei desistir. Já achei que nada disto valia estar longe dos que amo, já achei que isto era A experiência, já achei que não queria estar em mais lado nenhum que não aqui. Aprendi a conhecer-me muito melhor, aprendi a conhecer os outros. Percebi quem está lá nos dias em que o chão me foge para me ajudar a reequilibrar. Conheci melhor aqueles que achei que já conhecia de gingeira. Tive dias tão de merda em que não consegui sair de casa e nesses dias, sem que tivesse que dizer nada, tive quem me esticasse a mão. Aprendi que estar longe faz-nos ver melhor quem queremos por perto. Percebi que por mais laços que se estabeleçam e por mais pessoas que se conheça é importante que nos vão lembrando que os laços antigos continuam intactos. Conheci o que é ter medo à séria. Passei por um furacão e uma winter storm com direito a blizzard. Já adormeci a chorar com saudades. Já acordei a chorar com saudades. Viciei-me em chocolates com manteiga de amendoim e mesmo assim emagreci 5kg. Passei a caminhar uma média de 1h30 por dia e gosto. Aprendi a racionalizar...as emoções e as saudades. Aprendi que as saudades que tenho dos meus sobrinhos são impossíveis de racionalizar, são saudades que doem e me deixam sem fôlego.

Foram 6 meses que me ensinaram mais que muitos 6 anos e depois de altos e baixos percebo que valeram muito a pena. O balanço? Positivo...venham mais 6!! :-)

quinta-feira, 28 de março de 2013

E é isto...é mesmo isto...



What Happens When You Live Abroad

But one thing that undoubtedly exists between all of us, something that lingers unspoken at all of our gatherings, is fear. There is a palpable fear to living in a new country, and though it is more acute in the first months, even year, of your stay, it never completely evaporates as time goes on. It simply changes. The anxiousness that was once concentrated on how you’re going to make new friends, adjust, and master the nuances of the language has become the repeated question “What am I missing?” As you settle into your new life and country, as time passes and becomes less a question of how long you’ve been here and more one of how long you’ve been gone, you realize that life back home has gone on without you. People have grown up, they’ve moved, they’ve married, they’ve become completely different people — and so have you.
So many of us, when we leave our home countries, want to escape ourselves. We build up enormous webs of people, of bars and coffee shops, of arguments and exes and the same five places over and over again, from which we feel we can’t break free. There are just too many bridges that have been burned, or love that has turned sour and ugly, or restaurants at which you’ve eaten everything on the menu at least ten times — the only way to escape and to wipe your slate clean is to go somewhere where no one knows who you were, and no one is going to ask. And while it’s enormously refreshing and exhilarating to feel like you can be anyone you want to be and come without the baggage of your past, you realize just how much of “you” was based more on geographic location than anything else.
Walking streets alone and eating dinner at tables for one — maybe with a book, maybe not — you’re left alone for hours, days on end with nothing but your own thoughts. You start talking to yourself, asking yourself questions and answering them, and taking in the day’s activities with a slowness and an appreciation that you’ve never before even attempted. Even just going to the grocery store — when in an exciting new place, when all by yourself, when in a new language — is a thrilling activity. And having to start from zero and rebuild everything, having to re-learn how to live and carry out every day activities like a child, fundamentally alters you. Yes, the country and its people will have their own effect on who you are and what you think, but few things are more profound than just starting over with the basics and relying on yourself to build a life again. I have yet to meet a person who I didn’t find calmed by the experience. There is a certain amount of comfort and confidence that you gain with yourself when you go to this new place and start all over again, and a knowledge that — come what may in the rest of your life — you were capable of taking that leap and landing softly at least once.
But there are the fears. And yes, life has gone on without you. And the longer you stay in your new home, the more profound those changes will become. Holidays, birthdays, weddings — every event that you miss suddenly becomes a tick mark on an endless ream of paper. One day, you simply look back and realize that so much has happened in your absence, that so much has changed. You find it harder and harder to start conversations with people who used to be some of your best friends, and in-jokes become increasingly foreign — you have become an outsider. There are those who stay so long that they can never go back. We all meet the ex-pat who has been in his new home for 30 years and who seems to have almost replaced the missed years spent back in his homeland with full, passionate immersion into his new country. Yes, technically they are immigrants. Technically their birth certificate would place them in a different part of the world. But it’s undeniable that whatever life they left back home, they could never pick up all the pieces to. That old person is gone, and you realize that every day, you come a tiny bit closer to becoming that person yourself — even if you don’t want to.
So you look at your life, and the two countries that hold it, and realize that you are now two distinct people. As much as your countries represent and fulfill different parts of you and what you enjoy about life, as much as you have formed unbreakable bonds with people you love in both places, as much as you feel truly at home in either one, so you are divided in two. For the rest of your life, or at least it feels this way, you will spend your time in one naggingly longing for the other, and waiting until you can get back for at least a few weeks and dive back into the person you were back there. It takes so much to carve out a new life for yourself somewhere new, and it can’t die simply because you’ve moved over a few time zones. The people that took you into their country and became your new family, they aren’t going to mean any less to you when you’re far away.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Mãe, foi desta...

Hoje acordei tarde e fui a correr para o lab, atrasada. Por volta da hora de almoço percebo que me tinha esquecido de levar tampões (não que isso vos interesse muito, mas é importante para a história...). Saio a correr do lab e vou a casa buscar os ditos. Chego a casa e percebo que não tenho...vou a correr ao supermercado. Chego ao supermercado, à pressa porque tinha deixado coisas a meio no lab, e pego na primeira caixa de tampões que encontro. Geralmente uso tampões mini (acredito que também não vos interesse, mas tb é importante para a história...). Chego ao lab e reparo que os tampões que tinha adquirido no supermercado não são mini...também não são medium...nem plus...mas sim Super Plus!



Juro-vos que nunca tinha visto coisa tão grande...tampões...
Visto que já estava no lab e não tinha outra hipótese, tenho a anunciar...Mãe, já não sou virgem...e foi assim...sem um beijo nem nada...